(Primeiramente, gostaria de me desculpar pela falta de postagens nas últimas semanas. Estávamos corridos na produção do material destinado à campanha de jejum em nossa igreja local e não conseguimos manter as duas frentes (Blog e livro para o jejum) ativas. Desde já, agradeço pela compreensão e, principalmente, pelos pedidos insistentes para voltarmos com as publicações aqui no Blog!)
Esclarecimentos à parte, é interessante prestarmos atenção na realidade que temos vivido dentro das diversas denominações cristãs em todo o mundo. Na última postagem, comentamos que, devido ao processo de desenvolvimento da Igreja, nos tornamos cristãos extremamente tradicionais e com raízes muito religiosas, impedindo o mover puro e constante do Espírito em nossas igrejas.
Não é difícil notar que, em qualquer ambiente, os liderados são um reflexo da liderança. Esse princípio também se aplica dentro da Igreja. Esse é o motivo de termos hoje tão grande número de cristãos que estão mais preocupados em seguir um conjunto de regras do que viver dentro de um relacionamento íntimo com Deus. Esse distanciamento partiu justamente dos líderes cristãos no mundo. E hoje, temos o reflexo disso: uma completa distinção entre Igreja Primitiva e Igreja Moderna.
E quando olhamos especificamente para o cenário das igrejas cristãs no Brasil, vemos em diferentes proporções as mesmas características: pastores muito bem sucedidos financeiramente, distantes da realidade dos membros de suas igrejas, cheios de técnicas para motivar, causar emoções, arrecadar fundos, transmitir ideias e vender produtos para seus públicos.
Temos muitos líderes com os mais diversos títulos (apóstolos, missionários, bispos, diáconos, profetas, mestres, ministros) que mais se parecem com os tão populares "Coaches", profissionais treinados para gerar o resultado desejado, do que com pastores, aqueles que cuidam, alimentam, se compadecem, incentivam, discipulam e geram Vida.
Quantas vezes nós vemos na internet vídeos de líderes de igrejas fazendo duras críticas a políticos específicos, rebatendo difamações com desrespeito e reclamando por serem vítimas de perseguição e afrontas? Eu, particularmente, perdi as contas. Quantos outros vídeos podemos encontrar de líderes quase obrigando seu público a ofertar e dizimar, pois se não o fizer estaria debaixo de maldição ou que o Devorador iria consumir suas finanças? Infelizmente, não são poucos. Quantas histórias de pessoas passando necessidades sendo completamente ignoradas ou acusadas de estarem em pecado enquanto seus líderes desfrutam de uma vida cheia de regalias?
E são essas distorções que me causam profunda tristeza e ânsia por ver mudança urgente! Não estou aqui para citar nomes nem denominações. Meu objetivo é abrir os olhos de todos, tanto dos líderes quanto dos liderados, para que possamos compreender qual a verdadeira vida do Evangelho. Não sou melhor do que ninguém, tenho plena consciência disso. Justamente por esse motivo que sei que há uma necessidade de mudança! Todos nós, cristãos, temos um papel de fundamental importância para levarmos nossas igrejas a viverem uma realidade que há muito foi distorcida.
Creio que chegou a hora de nos posicionarmos, reconhecermos nossas falhas e mudarmos nossas prioridades. Ao invés de colocarmos nosso foco no número de pessoas que se converteram, de igrejas que foram abertas, de alvos a serem alcançados, coloquemos nosso foco em nosso relacionamento com o Senhor, e Ele nos levará a conquistar vidas, a crescer explosivamente e sobressair em todos os alvos que Ele mesmo colocou em nossos corações!
A nossa prioridade deve ser restabelecer o padrão da Igreja Primitiva nos dias de hoje. Nele, as críticas a governantes transformam-se em oração e súplica para conversão e misericórdia em suas vidas; a ênfase nos dízimos e ofertas é revertida em gratidão e desejo de cada cristão de ser um participante na expansão da obra, sabendo que toda provisão financeira vem do Senhor, que Ele nos ama incondicionalmente e que não há mais maldição para os que estão em Cristo Jesus; a acusação e os julgamentos são substituídos pela compaixão e pela mutualidade, com a consciência de que todos estamos sujeitos às falhas e que, se eu posso ajudar um irmão necessitado, eu vou ajudar meu irmão necessitado.
A igreja não precisa de bons líderes, eloquentes e influentes. Precisa de cristãos verdadeiramente íntimos com o Senhor, tementes, submissos e sensíveis aos Seus direcionamentos que conhecem o Evangelho verdadeiro.