segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Igreja Primitiva x Igreja Moderna



(Primeiramente, gostaria de me desculpar pela falta de postagens nas últimas semanas. Estávamos corridos na produção do material destinado à campanha de jejum em nossa igreja local e não conseguimos manter as duas frentes (Blog e livro para o jejum) ativas. Desde já, agradeço pela compreensão e, principalmente, pelos pedidos insistentes para voltarmos com as publicações aqui no Blog!)

Esclarecimentos à parte, é interessante prestarmos atenção na realidade que temos vivido dentro das diversas denominações cristãs em todo o mundo. Na última postagem, comentamos que, devido ao processo de desenvolvimento da Igreja, nos tornamos cristãos extremamente tradicionais e com raízes muito religiosas, impedindo o mover puro e constante do Espírito em nossas igrejas.

Não é difícil notar que, em qualquer ambiente, os liderados são um reflexo da liderança. Esse princípio também se aplica dentro da Igreja. Esse é o motivo de termos hoje tão grande número de cristãos que estão mais preocupados em seguir um conjunto de regras do que viver dentro de um relacionamento íntimo com Deus. Esse distanciamento partiu justamente dos líderes cristãos no mundo. E hoje, temos o reflexo disso: uma completa distinção entre Igreja Primitiva e Igreja Moderna.

E quando olhamos especificamente para o cenário das igrejas cristãs no Brasil, vemos em diferentes proporções as mesmas características: pastores muito bem sucedidos financeiramente, distantes da realidade dos membros de suas igrejas, cheios de técnicas para motivar, causar emoções, arrecadar fundos, transmitir ideias e vender produtos para seus públicos.

Temos muitos líderes com os mais diversos títulos (apóstolos, missionários, bispos, diáconos, profetas, mestres, ministros) que mais se parecem com os tão populares "Coaches", profissionais treinados para gerar o resultado desejado, do que com pastores, aqueles que cuidam, alimentam, se compadecem, incentivam, discipulam e geram Vida.

Quantas vezes nós vemos na internet vídeos de líderes de igrejas fazendo duras críticas a políticos específicos, rebatendo difamações com desrespeito e reclamando por serem vítimas de perseguição e afrontas? Eu, particularmente, perdi as contas. Quantos outros vídeos podemos encontrar de líderes quase obrigando seu público a ofertar e dizimar, pois se não o fizer estaria debaixo de maldição ou que o Devorador iria consumir suas finanças? Infelizmente, não são poucos. Quantas histórias de pessoas passando necessidades sendo completamente ignoradas ou acusadas de estarem em pecado enquanto seus líderes desfrutam de uma vida cheia de regalias?

E são essas distorções que me causam profunda tristeza e ânsia por ver mudança urgente! Não estou aqui para citar nomes nem denominações. Meu objetivo é abrir os olhos de todos, tanto dos líderes quanto dos liderados, para que possamos compreender qual a verdadeira vida do Evangelho. Não sou melhor do que ninguém, tenho plena consciência disso. Justamente por esse motivo que sei que há uma necessidade de mudança! Todos nós, cristãos, temos um papel de fundamental importância para levarmos nossas igrejas a viverem uma realidade que há muito foi distorcida.

Creio que chegou a hora de nos posicionarmos, reconhecermos nossas falhas e mudarmos nossas prioridades. Ao invés de colocarmos nosso foco no número de pessoas que se converteram, de igrejas que foram abertas, de alvos a serem alcançados, coloquemos nosso foco em nosso relacionamento com o Senhor, e Ele nos levará a conquistar vidas, a crescer explosivamente e sobressair em todos os alvos que Ele mesmo colocou em nossos corações!

A nossa prioridade deve ser restabelecer o padrão da Igreja Primitiva nos dias de hoje. Nele, as críticas a governantes transformam-se em oração e súplica para conversão e misericórdia em suas vidas; a ênfase nos dízimos e ofertas é revertida em gratidão e desejo de cada cristão de ser um participante na expansão da obra, sabendo que toda provisão financeira vem do Senhor, que Ele nos ama incondicionalmente e que não há mais maldição para os que estão em Cristo Jesus; a acusação e os julgamentos são substituídos pela compaixão e pela mutualidade, com a consciência de que todos estamos sujeitos às falhas e que, se eu posso ajudar um irmão necessitado, eu vou ajudar meu irmão necessitado.

A igreja não precisa de bons líderes, eloquentes e influentes. Precisa de cristãos verdadeiramente íntimos com o Senhor, tementes, submissos e sensíveis aos Seus direcionamentos que conhecem o Evangelho verdadeiro.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Com tradição, nos tornamos a Igreja da contradição.


A história da Igreja Cristã começa no início do primeiro século depois de Cristo. Tendo suas raízes no Judaísmo, os discípulos de Jesus deram o início a um novo estilo de vida para aquela época. Crendo que Jesus era o Messias prometido pelos profetas, eles começam a pregar as boas novas de que finalmente o homem voltara a ter livre acesso à presença de Deus, dispensando os rituais e sacrifícios para purificação, justificação e redenção. A Lei havia passado. A Graça passara a ser o novo estilo de vida. Com essa nova ideologia, esse novo estilo de vida, a igreja primitiva partiu de pouco mais de 100 membros para mais de 300.000 em cerca de dois séculos. Um crescimento realmente explosivo e expressivo, levando em consideração os meios disponíveis para a propagação de informação, meios de transporte e conexão entre povos distintos daquela época.

O problema começa a surgir no início do século terceiro depois de Cristo, quando o então imperador de Roma, Constantino, declara o cristianismo como a religião oficial do Império. O que para muitos aparentava ser uma boa notícia (afinal, pela primeira vez o cristianismo deixaria de ser perseguido e passaria a ser apoiado) transformou-se num verdadeiro terror ao verdadeiro cristianismo iniciado pelos discípulos de Jesus. Uma vez que o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, toda e qualquer religião que não fosse a cristã deveria ser perseguida e proibida de ser praticada. Foi assim que se deu início das perseguições, intolerâncias religiosas e atrocidades a vários povos em nome da religião cristã. Foi assim que surgiu a Igreja Católica na Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas. Esse nome foi dado pela associação com as medidas horrendas e totalmente desumanas praticadas pelo Clero do sistema feudal (regime posterior ao do Império Romano), que regia as leis da época. Mas quando trazemos para a representação espiritual, a Idade das Trevas também pode ser compreendida como o período em que não houve mais relatos do mover real do Espírito Santo em meio aos povos.

Todo esse contexto era necessário para chegarmos na melhor compreensão do que nós vivemos hoje como igreja cristã no Brasil. A cultura religiosa jamais foi retirada de nossa sociedade. Pelo contrário, desde o início da colonização tivemos a catequização dos nativos e a instauração da Igreja Católica como a oficial e a correta a ser seguida. Com as revoluções ocorridas na Europa e América do Norte, o cristianismo passou a ter novas ramificações, que só tiveram impacto real no Brasil na década de 80. Mas foi realmente nos anos 90 que a igreja cristã brasileira recebeu completo renovo. Moveres profundos de adoração, libertação, renovação, fluir do Espírito e crescimento explosivo simultâneos ao quatro cantos do país, colocando as igrejas evangélicas em grande evidência.

O que toda essa história da Igreja tem a ver com o título da postagem? Tudo. É justamente por causa dessas raízes religiosas, que jamais foram completamente removidas de nossos pensamentos e cultura, que hoje temos igrejas extremamente intolerantes, tradicionais e que causam certa repulsa em nossa sociedade.

Igrejas que pregam a verdade do Evangelho, mas que, por causa do tradicionalismo, contradizem suas próprias pregações:
- Pregam que através da Obra da Cruz, onde Cristo morreu e ressuscitou por nós, somos amados e aceitos por Deus; mas afirmam que se não entregarmos nossos dízimos e ofertas, seremos amaldiçoados, e que se não orarmos nem jejuarmos, Deus não se agradará de nós.
- Pregam que somos todos iguais e aceitos diante de Deus e que o importante é o nosso interior; mas o tradicionalismo condena cristãos que se tatuam, pois essa é uma "atitude mundana e carnal" e ainda exige que pastores andem vestidos com trajes sociais completos (e ainda colocam razões espirituais para tal).
- Pregam que Cristo nos liberta do pecado; entretanto, estabelecem regras, leis, códigos de conduta para os cristãos e estabelecem punições para os que caem em pecado.

Não podemos permitir tais incoerências em nosso meio, nem mesmo ao extremo oposto, onde vemos pastores pregando que dízimo é coisa da Lei de Moisés e que a Lei passou e por isso não há mais dízimos; jovens que são irresponsáveis se tatuando sem terem a menor noção do que alguns símbolos representam e passam a se vestir de maneira inapropriada, afirmando que todos os que não se tatuam ou se vestem de certa maneira é porque são antiquados e religiosos; pastores e líderes vivendo imersos no pecado, com a desculpa de estarem na graça, anulando completamente os princípios bíblicos sobre casamento, relacionamentos e estilo de vida santos; irmãos coniventes com o pecado alheio, tendo atitudes passivas em relação a tudo ou ainda abolindo qualquer tipo de autoridade dentro da igreja.

Se quisermos estabelecer padrões na Igreja, estabeleçamos o padrão de Cristo: não há acepção de pessoas, o amor ao próximo deve ser incondicional, o foco é o relacionamento com o Espírito Santo que nos levará a experimentar a cultura do Reino dos Céus aqui na Terra e que acima de todas as coisas está nosso Deus.

- De acordo com a Bíblia, o princípio de ofertar algo ao Senhor vem desde o início da humanidade e o dízimo surgiu com Abraão, ambos antes da Lei de Moisés. Com Jesus, o princípio permanece o mesmo: nossos dízimos e ofertas não são obrigação, são uma demonstração da nossa gratidão por tudo aquilo que o Senhor tem nos dado. Não entregamos nada nem fazemos obras para sermos aceitos por Deus, cremos que a Obra da Cruz foi completa e suficiente para nos perdoar, redimir e justificar diante do Pai e que toda maldição já foi quebrada.
- A maneira como nos vestimos, falamos e nos portamos reflete nossas individualidades. Essa tradição de pastores se vestirem sempre de social não é maléfica, mas não pode ser pretexto para julgarmos pastores que não se vestem assim, presumindo que não podem ser levados a sério. O mesmo serve para tatuagens. A Bíblia em momento algum condena tal prática, então não devemos rejeitar quem tem. Assim como devemos ser coerentes e responsáveis por aquilo que fazemos com nosso corpo, sem colocar nenhum tipo de rótulo naqueles que não querem se tatuar ou querem se vestir de maneira mais social.
- O pecado infelizmente está presente no cotidiano do homem. Todos nós sempre iremos pecar, até que cheguemos à estatura do varão perfeito. Por isso, devemos saber lidar com o pecado, evitando a condenação aos irmãos que caem, sem sermos coniventes com o pecado. A grande questão é conseguirmos levar todos ao nosso redor a terem um relacionamento de intimidade com o Senhor, pois somente Jesus venceu o pecado. Logo, somente o Espírito que habita em nós pode nos levar a uma vida longe do pecado.

O equilíbrio, o bom senso e a sabedoria são indispensáveis na vida cristã. Nossas tradições não podem ficar acima dos princípios bíblicos.

Que o nosso relacionamento com o Senhor Jesus nos leve a viver o Evangelho sem restrições.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Politicamente Coerente


Muitos me pediram para esclarecer qual o papel do cristão em meio aos assuntos políticos. O que pude notar é que há muito receio, medo, preconceito e muita confusão quando falamos de política. Principalmente nessa atual situação do nosso país.

Estamos em meio a uma crise gigante: pela primeira vez na história de nosso país um Governo fez um Orçamento com previsão de déficit; escândalos de corrupção na casa dos bilhões; renúncias, acusações, instabilidade econômica, inflação... esse é o cenário político atual.

E agora? A culpa é da Esquerda? A culpa é do Governo anterior de Direita? A culpa é das estrelas? (perdoem-me pelo trocadilho, não pude resistir).

Bem, antes de apontarmos dedos e nos colocarmos como partidários, quero atentar cada de um vocês ao verdadeiro foco que devemos ter dentro da política. Não estou aqui para fazer propaganda para políticos específicos tampouco para defender partidos. Estou aqui para mostrar que nossas atenções devem estar voltadas às ideologias que os partidos e seus respectivos representantes defendem.

Por que o foco deve estar nas ideologias? Porque todos os projetos de Governo dos partidos e de seus políticos serão apenas instrumentos para a implementação das ideologias desses partidos. Ou seja, todas as propostas de Governo são o meio encontrado para estabelecer uma ideologia na nação.

Isso acontece sempre, durante toda a história. Como você acha que políticos absurdamente desumanos e completamente rejeitados nos dias de hoje conseguiram convencer muitos a apoiarem suas ideologias? Projetos de Governos benéficos.

Eles colocam boas obras sociais, projetos igualitários, programas de auxílio, cotas em todos os setores, entre outras coisas mais que não têm em si NADA de errado. Mas por trás dessas propostas, vemos uma ideologia maligna e completamente anti bíblica sendo implementada.

Atrás dessas boas propostas, vemos a distorção da família previamente estabelecida pela Palavra de Deus, vemos a propagação da imoralidade sexual, da pornografia na mídia aberta com o pretexto de liberdade de expressão, a incoerência em relação à juventude (a criança tem direito de escolher se vai ser do gênero feminino ou masculino desde a infância, mas se cometer um assassinato ou estupro aos 15 será julgado como menor, não podendo ser preso) e assim por diante.

São essas ideologias malignas que devemos combater, alertando nossos irmãos e irmãs em Cristo. Ideologias semelhantes às do fim dos tempos, onde um líder mundial será estabelecido com o pretexto de trazer paz e igualdade mundial, mas que irá combater qualquer fé que não seja nele próprio.

O cristão deve compreender que nosso objetivo não é contra-atacar políticos que atacam a Igreja. Não é ir diante de um púlpito e dizer em quem devemos ou não votar. Não é ir nas redes sociais, na mídia ou qualquer outro lugar para ofender líderes políticos. Devemos orar por todos os políticos, abençoá-los e clamar pela graça de Deus na vida deles. E, claro, não aceitarmos nenhuma proposta que fira nossos valores morais como cristãos, nem sermos coniventes com ideologias que vão contra a Palavra.

O problema é que a guerra foi estabelecida e hoje temos pastores contra-atacando vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidentes. Repare que eu disse que estão contra-atacando! Sim, eu sei que muitos têm atacado líderes cristãos. Muitos têm difamado, procurado acabar com a Igreja e perseguido os valores morais do cristão. Porém, a Bíblia é muito clara quando diz que nossa luta não é contra carne nem sangue, mas, sim, contra principados e potestades.

A Igreja nunca precisou ser defendida por seus líderes através do confronto público com os líderes partidários. Jesus nunca precisou falar aos seus discípulos que o imperador romano era um enviado do diabo, mesmo sendo perseguido pelos ideais desse imperador e posteriormente morto pelos líderes políticos e religiosos de Israel. Paulo jamais abriu a boca para confrontar os líderes políticos de sua época, pelo contrário, sempre que estava preso pregava o evangelho aos companheiros de cela e aos chefes de guarda da prisão. E quando ia ao Tribunal, pregava o Evangelho a juízes, promotores, e quem quer que estivesse presente.

Não há necessidade de enfrentar com as mesmas armas aqueles que difamam, mentem, acusam e tentam acabar com a Igreja. É essa a diferença que o Espírito Santo de Deus deve fazer dentro de nós.

Não iremos aceitar ideologias contrárias à Palavra. Iremos nos fortalecer em Cristo, ensinando nossos filhos desde a infância acerca da cultura do Reino, mostrando nossos valores morais absolutos, clamando para que o Senhor levante homens e mulheres de Deus na política, no jornalismo, na educação e em todas as outras áreas de influência da nossa sociedade.

Devemos ser politicamente coerentes: votaremos naqueles que não defendem ideologias contrárias ao cristianismo.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crer em Deus não é abrir mão da lógica! - parte III

Crer em Deus não é abrir mão da lógica! - parte III

Finalizando a apresentação de três argumentos lógicos e com embasamento científico para afirmarmos que é mais lógico crer em Deus do que crer que não há um Deus, o tema de hoje tratará dos Valores Morais Absolutos.

Os dois últimos posts renderam muitos comentários e apoio nas outras redes sociais em que os textos foram divulgados: meu perfil no Facebook (https://www.facebook.com/matheus.correa.33671748) e no Instagram (@matheuscorreadp). Hoje fecharemos essa primeira sequência temática e conto com a divulgação e sugestão de todos vocês para os próximos posts!

3) Os Valores Morais Absolutos
Quando confiamos única e exclusivamente na Ciência para avaliar e compreender não só o comportamento dos planetas, estrelas, galáxias e outros corpos do Universo como também do ser humano, encontramos alguns problemas bem claros e diretos.

Um desses problemas é justamente a moralidade das ações do ser humano em sua sociedade. Se os ateus estiverem corretos e realmente não existir nenhum Ser Supremo sobrenatural, como ficaria a questão da moralidade entre a raça humana?

Bem... essa é uma pergunta chave! É possível ser bom sem que Deus exista? Vejamos alguns exemplos:
  1. Qualquer ateu pode ajudar um necessitado.
  2. Qualquer naturalista pode ser um cidadão exemplar, ajudando idosos, carentes, crianças, protegendo a natureza e o ambiente em que vive.
  3. Qualquer pessoa, mesmo que não creia em deus algum, pode tornar-se humanitário, lutar pelos direitos iguais e fazer boas mudanças para o bem comum.
Conclusão: é claro que há como ser bom sem crer em Deus! Mas essa resposta não é coerente com a pergunta. A pergunta não foi: "É possível ser bom sem crer em Deus?", a pergunta foi: "É possível ser bom sem que Deus exista?".

Esse é o problema, quando eliminamos a figura de Deus, quais serão nossas bases para definir objetivamente o que é certo ou errado, bom ou ruim? Sem Deus, não há valores morais objetivos na sociedade! E o motivo é bem simples: ponto de referência.

Sem que tenhamos um objeto como referencial, não há como saber se algo está de cabeça para baixo ou para cima, se está quente ou frio, se algo é bom ou ruim. A Natureza de Deus nos fornece referências concretas, claras e objetivas, tais como Amor, Bondade, Justiça, Santidade, Graça, Misericórdia, Verdade, Paz, Paciência. Ou seja, é o próprio Deus quem nos fornece um padrão supremo de tudo o que é bom para nossas atitudes cotidianas.

Dessa forma, se Deus não existe, não há ponto de referência. Não há padrão supremo de bondade. Não há objetividade em certo e errado, bom e ruim. Pois tudo o que resta são pontos de vista dos 7 bilhões de seres humanos na Terra, que não são melhores, piores, maus ou bons quando comparados entre si. São apenas diferentes. Esse são os valores morais subjetivos, não objetivos, pois estão relacionados ao sujeito.

Veja bem, a opinião pessoal de alguém acerca de algo banal, como por exemplo a preferência por um sorvete de creme, não pode ser considerada melhor nem como a correta quando comparada com a minha preferência (sujeito) por sorvete de morango (objeto). São apenas preferências pessoais, gostos individuais. Esses valores são subjetivos. Isso se aplica também na opinião de alguém ser vegetariano. Se eu decido ser vegetariano, por quaisquer motivos que sejam, não quer dizer que sou melhor ou mais correto do que aquele que continua comendo carne animal, pelos seus próprios motivos. Afinal, nós dois teremos argumentos respectivamente valiosos e suficientes para nos convencerem a escolhermos nossa atitude.

Quando trazemos esse conceito de valores morais para esse contexto, a questão fica bem mais grave. Ao afirmarmos que Deus não existe, os valores morais tornam-se individuais e valem única e exclusivamente para o indivíduo que possui determinada concepção. Ou seja, pela Ciência, meus valores morais são totalmente corretos e verdadeiros mesmo que sejam completamente opostos dos valores morais do meu vizinho.

O próprio famoso ateu Richard Dawkins afirma que: sem Deus não há o bem nem o mal. Nada além da indiferença impiedosa e cega.

Num mundo onde não há Deus como referência suprema e objetiva de moralidade, nos resta viver numa sociedade onde as ações perdem completamente seus valores por ficarem à mercê das individualidade de cada ser humano. Não há como, exclusivamente pela Ciência, determinar se uma ação é moralmente certa ou errada, benéfica ou maléfica.

O problema é que nós sabemos que há valores morais absolutos! Não há quem diga que o abuso infantil, o racismo, terrorismo e outros atos de violência não são moralmente errados. Nós sabemos que há uma objetividade nos valores morais. Por isso podemos colocar uma sequência lógica de proposições:
  1. Se Deus não existe, os valores morais objetivos não existem.
  2. Os valores morais objetivos existem.
  3. Portanto, Deus existe.
Deus está muito mais claro em nosso cotidiano do que muitas vezes imaginamos. Basta coerência e lógica para concluirmos que Ele existe.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Crer em Deus não é abrir da lógica! - parte II

Crer em Deus não é abrir mão da lógica! - parte II

Hoje continuamos na apresentação em sequência de três argumentos com bases na ciência e na lógica que nos levam a concluir que é coerente crermos em Deus. Ou seja, o objetivo não é provar cientificamente a existência de Deus e sim de mostrar que há mais razões lógicas para crermos na existência de Deus do que razões lógicas para crermos que não há um deus.

2) A Perfeita Sintonia
Não é novidade alguma a complexidade do Universo em que vivemos tampouco a perfeição encontrada em nosso planeta para que haja vida. São diversos detalhes minuciosamente percebidos e equilibrados para que esse único planeta pudesse gerar um ambiente possível de se ter vida.

É fato que não sabemos com certeza científica se há ou não vida em outros planetas. Mas o tema não é esse! O tema é a Perfeita Sintonia que temos no planeta Terra, que é algo comprovado cientificamente.

Quando olhamos de maneira científica para nosso planeta, para outros planetas, para as galáxias, estrelas, átomos... verificamos que, para haver a possibilidade de existência de todo esse Universo e a manutenção dele em equilíbrio, há uma série de constantes matemáticas e físicas absolutas. São valores extremamente complexos e precisos que não podem ser alterados, caso contrário todo Universo iria por água abaixo.

Valores chamados de Constantes e Quantidades Fundamentais do Universo. Esses valores foram descobertos ao longo da história, e todos os cientistas mais renomados sempre se surpreendem com a complexidade dessas constantes.

Todos reparam que esses números são tão bem sintonizados num grau de precisão tão absurdamente perfeito, que se houvesse qualquer mínima alteração (mesmo que de uma unidade!) em qualquer uma dessas constantes, não haveria possibilidade alguma de existir Universo algum! Isso mesmo: não causaria apenas planetas inabitáveis, mas causaria a impossibilidade de qualquer matéria ser criada.

Para exemplificar, vamos levar em consideração a Gravidade, ou Força Gravitacional da Terra. Para se calcular qualquer força gravitacional exercida sob algum corpo, adota-se a Constante Gravitacional, "G". Se essa constante tiver seu número alterado mesmo que em uma unidade, dentre as dez elevado à sessenta (não tenho como representar numericamente no meu teclado) partes, não haveria vida no Planeta.

Você tem noção do tamanho do número dez elevado à sessenta? É o número 10 seguido por sessenta números zero. Tente escrever ele num papel aí. Agora altere uma unidadezinha desse número e o resultado implicará na impossibilidade de se ter vida. E essa é UMA das inúmeras constantes que permitem a vida em nosso planeta e o equilíbrio do Universo. 

Se essa alteração mínima ocorresse em quaisquer constantes, o resultado seria uma drástica expansão universal, ou então uma drástica compressão universal. Em ambos os casos, não haveria possibilidade de existir vida, estrelas, planetas nem universo.

A infinidade de constantes existentes nos leva à conclusão de que somente um equilíbrio completamente perfeito e extremamente delicado pode manter um Universo em equilíbrio e com apenas um planeta com capacidade de possuir seres viventes.

Ante essas constatações, inúmeros cientistas renomados, tais como Stephen Hawking, Sir Martin Rees e David Deutsch concordam que não há como negar que essa complexidade e exclusividade seja por causa de uma causa específica. Até mesmo o tão famoso Lawrence Krauss afirma que o Universo nos dá muitas pistas sobre essa Perfeita Sintonia.

E é nesse ponto que os cientistas começam a perder um pouco da lógica. A grande maioria deles se dizem ateus, pois a ciência explica tudo e não há necessidade da existência de um Ser superior para criar nada do que vemos hoje. Afirmam que o Universo originou-se pelo simples fato de que havia a possibilidade de ser originado e por isso se originou. Bem lógico e argumentativo (percebam a ironia e sarcasmo)... O professor Krauss inclusive afirma que não há causalidade nenhuma no Universo, e que o Universo é meramente físico, composto por matéria e tem várias teorias bem interessantes sobre o início de tudo. Só que ao afirmar que o Universo nos dá 'pistas' de uma Perfeita Sintonia, mas que isso não passa de aparência, eu me pergunto: como é que um Universo sem qualquer causa para sua existência passa a dar 'pistas' de algo que, na verdade, nem existe?!?!

Há três possibilidades para se ter essa Perfeita Sintonia: necessidade, acaso ou projeto. Vejamos cada uma delas.

A) Necessidade - de acordo com essa possibilidade, o Universo precisa conter um determinado local onde há como ter vida. Certo. Mas será que isso é realmente plausível? Afinal, é impossível termos um Universo onde não há planetas habitáveis? Não! Muito pelo contrário. Quando olhamos Universo afora, é infinitamente mais comum encontrarmos planetas não habitáveis. As leis e constantes que regem nosso Universo, independem das leis da natureza. Não há provas nem razões plausíveis para crermos que o Universo necessita de ter essa sintonia.

B) Acaso - essa possibilidade se resume à sorte. Mas a probabilidade matemática de existir um planeta como o nosso (capaz de permitir vida) é absurdamente remota. Não há lógica em se crer numa probabilidade que está mais para ser uma improbabilidade. Para tentar dar mais sentido a essa possibilidade de termos a sintonia pelo acaso, muitos cientistas abandonaram o modo empírico e se apropriaram de especulações, criando a teoria do Multiverso. Ou seja, há uma espécie de criador de universos, que constantemente os gera, fazendo com que todos coexistam. Sendo assim, em algum momento esse criador de Universos irá criar um Universo que possua planetas habitáveis. O problema é que não é nada comprovado cientificamente. Tanto é que encontramos essa teoria na Metafísica, ou seja, aquilo que está além da matéria, portanto não pode ser comprovado por métodos empíricos, sendo assim, não há como ser detectado, observado, mensurado nem provado. E o mais interessante é que, para se existir esse gerador de Universos, o tal Multiverso, é necessário haver uma imensa combinação de perfeitas sintonias! Além disso, pequenas frações de baixa ordem são muito mais prováveis do que pequenas frações de alta ordem. Portanto, seria mais provável termos um pequeno planeta com apenas um observador. Mas essa não é a realidade! O que temos é um planeta consideravelmente grande, extremamente complexo e com bilhões de observadores nele. O que nos leva a concluir que, mesmo que houvesse um Multiverso, ele não seria capaz de explicar a Perfeita Sintonia.

C)Projeto - nos resta verificar a última possibilidade: o Universo possui essa perfeita sintonia por ter sido projetado especificamente para ser assim. A própria ciência mostra geneticamente e nas diversas composições a proximidade entre todos os seres vivos e toda matéria existente em nosso planeta, que eu vejo como a marca de um mesmo criador. Da mesma forma que um especialista nas obras de Picasso consegue diferenciar cada uma delas e perceber padrões de estilo e preferência, o Universo, a Terra, os animais e toda criação revela as marcas de Seu Criador.

Não é nada ilógico crermos na existência do Criador.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Crer em Deus não é abrir mão da lógica!

Crer em Deus não é abrir mão da lógica!

Muitos associam a crença nalgum deus como a escolha por abandonar qualquer raciocínio lógico ou desprezar as evidências científicas. Muitos argumentam que, para se crer numa divindade, deve-se ignorar os fatos comprovados pela Física, Bioquímica, Astrofísica e tantas outras ciências que explicam quase tudo o que vemos (eu disse quase tudo!).

O fato é que esse é um pensamento muito inocente, incoerente e bem antiquado. Presumir que toda e qualquer pessoa que diga crer em Deus seja uma pessoa que não compreende as Leis da Física, ou que seja um ignorante quanto às comprovações e avanços é um grande erro.

Concordo que muitos que dizem crer em Deus preferem não entrar na argumentação lógica. Outros tantos realmente não fazem ideia das descobertas científicas, e a grande maioria dos teístas afirmam muitas coisas ilógicas, comprovadamente incoerentes com a realidade científica e acabam gerando esse pensamento de que os que creem em Deus são os que ignoram a Lógica e a Ciência.

Por esse motivo que decidi esclarecer alguns pontos descrevendo três argumentos com base nas Ciências para mostrar que é mais racional crer na existência de Deus do que crer que não há deus algum. Teremos, então, uma sequência de três posts para que não fique algo longo em demasia e tenhamos comentários pertinentes a cada um desse argumentos.

A intenção não é COMPROVAR a existência de Deus. Mas demonstrar logicamente que é plausível crer na existência de Deus.

1) O Argumento Cosmológico 
Um dos pontos mais complicados da ciência e que, até hoje, não possui uma resposta concreta é acerca da origem do Universo. Muitos cientistas afirmaram por muito tempo que o Universo era infinito, ou seja, sempre existiu e sempre vai existir.

Até que os avanços vieram, como por exemplo com Albert Einstein e sua teoria da relatividade, que nos proporcionou a possibilidade de estudar e verificar o passado temporal do Universo.

Depois, com os cálculos de Einstein, Alexander Friedmann e George Lemaitre descobriram que o Universo está em gradativa expansão, que, combinados aos estudos de Edwin Hubble de cálculos entre as distâncias entre as galáxias de acordo com o tempo, permitiu-se concluir que todo o Universo partiu de um ponto inicial de tempo. Ou seja, o Universo, que está em expansão, teve um início e terá um fim.

É fato que essa Teoria acerca de um passado finito de tempo não foi aceita com unanimidade entre os físicos em geral, e muitas teorias paralelas que indicavam um Universo infinito foram criadas. Porém, caíram em descrédito ao longo do tempo por suas várias falhas.

Mais recentemente, em 2003, Alexander Vilenkin, Alan Guth e Arvind Borde (que são três cosmologistas) provaram que qualquer universo que tem, em média, se expandido em sua história não pode ser infinito em seu passado, mas deve possuir um início absoluto.

Mesmo quando se coloca a teoria do Multiverso, onde se propõe uma diversidade de universos que existem simultaneamente através de uma espécie de "criador de Universos", todos esses universos devem possuir um passado finito, ou seja, um início temporal absoluto.

Foi por essa descoberta que Alexander Vilenkin afirmou que: "Os cientistas não podem mais se esconder atrás de um passado infinito do Universo. Não há como escapar, todos temos de enfrentar o problema de termos um início cósmico". Qualquer teoria plausível precisa possuir um início temporal absoluto, um começo de tudo.

Toda essa comprovação científica incentiva o raciocínio lógico presente no Argumento Cosmológico:
  1. Qualquer coisa que venha a existir possui uma causa para sua existência.
  2. O Universo veio a existir.
  3. Portanto, o Universo possui uma causa para sua existência.
As duas primeiras premissas nos levam, logicamente, à terceira. A primeira premissa jamais foi contestada, mesmo pela ciência. Não há quem diga que algo veio a existir sem que houvesse nenhum motivo.

As coisas não saem por aí sendo formadas a partir do nada. Para que haja chuva, há um processo de evaporação, condensação e precipitação. Para que haja um ser humano, houve a junção entre espermatozoide e óvulo. Ou seja, sempre há uma causa para aquilo que veio a existir.

A segunda premissa é embasada nos estudos apresentados acima, logo é lógico crer também na terceira premissa: O Universo tem uma causa para sua existência. E como o Universo nem nada pode ser a explicação para sua própria existência - eu existo porque precisava existir, ou o universo existe porque precisava existir: não é uma explicação lógica, é apenas uma afirmação em cima de outra afirmação (não possui lógica!) - precisamos compreender o que causaria o universo.

Uma vez que temos um Universo composto por matérias, regido pelas Leis da Física de espaço e tempo, não há como falarmos em algo que seja regido pelas mesmas Leis como sendo causador do Universo.

Logo, para que algo tenha causado a existência do Universo, esse Algo deve ser imaterial, atemporal, sem limites, sem causa, extremamente poderoso e pessoal. Deve ser os quatro primeiros por não poder ser regido por quaisquer regras existentes no Universo. Extremamente poderoso pela complexidade do que está sendo criado. Pessoal, pois há intenção em criar algo, e objetos não possuem intenção, tampouco coisas abstratas como números possuem intenção alguma. Apenas algo pessoal, ou relacionada a um ser vivente pode ter intenção de algo.

Então as características são: imaterial (não será comprovado pelas Ciências), atemporal (não possui início nem fim), sem limites (pode estar em todos os lugares simultaneamente por não estar preso aos limites de espaço), sem causa (simplesmente é), extremamente poderoso (devido ao que pode criar) e pessoal (para que haja intenção de criação).

Com todo prazer, eu vos apresento, Deus: imaterial, atemporal, sem limites, sem causa, extremamente poderoso e pessoal.

sábado, 15 de agosto de 2015

Equilíbrio e Bom Senso: Marcas do Ministério de Cristo

O Equilíbrio e Bom Senso: Marcas do Ministério de Cristo 

1 Coríntios 10:23-31:
"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem. Comei de tudo o que e vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência. Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; consciência, digo, não a tua propriamente, mas a do outro. Pois por que há de ser julgada a minha liberdade pela consciência alheia? Se eu participo com ações de graças, por que hei de ser vituperado por causa daquilo por que dou graças? Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus."

Um texto bíblico extremamente comum e usado em várias pregações. O primeiro versículo, então, é um dos que são mais usados por aqueles que querem condenar algumas práticas de irmãos que, aos seus olhos, são inconvenientes.

A parte final dele é usada pelo outro ponto de vista. Irmãos que dizem ser livres para fazerem o que bem quiserem, onde quiserem sem se importarem com as influências exercidas, pois a liberdade deles não deve ser julgados por outros.

E fiz questão de trazer o texto completo, porque o apóstolo Paulo coloca os supostos 'dois lados da moeda' num mesmo contexto, sem qualquer tipo de contradição nem contraposição. Paulo coloca o equilíbrio e explica de maneira muito clara um princípio fundamental do cristianismo: equilíbrio e bom senso são indispensáveis para a vida da igreja.

É fato que em meio à Igreja existem denominações tidas como liberais, outras tidas como rigorosas, irmãos mais tradicionais, outros menos.

A questão é como lidamos com as individualidades dentro do Corpo. Nesse texto exposto acima, Paulo começa nos dando uma lição muito importante: somos livres pela Cruz para fazermos o que bem quisermos, mas é fato que nem tudo convém ser feito por aqueles que dizem ter sido transformados pelo poder do Espírito Santo. Assim como ele coloca a questão da consciência como parâmetro de avaliação pessoal, com o intuito de incentivar a todos os irmãos a terem um relacionamento com o Espírito (pois nossa consciência é guiada justamente pelo Espírito) nos afastando dos julgamentos sem fundamentos, para que compreendamos que qualquer coisa que venhamos a fazer deve ser feita para que Deus seja glorificado.

Pessoalmente, anseio por ver a Igreja finalmente compreendendo que há espaços para todos, bem como para as características pessoais de cada um.

Na postagem anterior, me referi que, infelizmente, temos vivido uma religiosidade muito grande em vários aspectos. O tradicionalismo excessivo acaba gerando uma situação complicada: os diferentes não são cristãos referenciais. Bem como a libertinagem com pretexto de liberdade em Cristo nos leva ao pensamento de que quem não é livre como eu sou, é religioso e fechado.

Quando vemos pela ótica mais tradicional, pessoas tatuadas são associadas como sendo carnais, rebeldes e sem realidade com o Senhor. Se há irmãos que ocasionalmente bebem cerveja ou vinho, ou outras bebidas alcoólicas presumimos que há problemas com mundanismo, mesmo caso de quem ouve músicas que não são as chamadas "Gospel".

Nesses três exemplos, gostaria de enfatizar que nenhuma dessas práticas é condenada ou tida como pecaminosa dentro da Bíblia. Porque a questão nesse caso não é o que está sendo feito, mas com qual motivação está sendo feito.

Quando rotulamos essas práticas como sendo pecado e que devem ser excluídas completamente da vida do cristão, seremos condenados por nossa própria incoerência. 

Por que tatuar é sinal de carnalidade, rebeldia e falta de realidade? Muitos dizem que é pelo fato de estarmos alterando nosso corpo de maneira definitiva e que tatuagens são socialmente conhecidas e relacionadas à pessoas rebeldes. Tudo bem. Compreendo. Mas sejamos coerentes com nossas regras, e vamos abolir também cirurgias plásticas. Afinal, com a cirurgia estamos mudando de forma definitiva nossos corpos e, no mundo, faz plástica quem quer exibir seu corpo (tendo o bom senso de saber que estou falando de cirurgias no âmbito estético).

Por que ouvir músicas do mundo ou gostar da tão polêmica 'cervejinha' é sinal de problemas na realidade com Cristo? A justificativa assemelha-se à anterior. São práticas costumeiramente associadas à pessoas do mundo e que remetem à realidade de pessoas que não conhecem a Cristo. Mais uma vez, compreendo. Então retiremos também do nosso cotidiano os programas televisivos, o cinema, as festas, e essas práticas que são propriamente mundanas.

Quando estabelecemos muitos padrões de conduta, infelizmente cairemos no erro de enrijecer o Corpo de Cristo através das incoerências, que vão nos levar a coisas absurdas, tais como esses exemplos comparativos que expus.

E aí, chegam aqueles irmãos que dizem: "É isso mesmo, minha liberdade não pode ser julgada pelos outros, e, sim, por minha própria consciência!". E aí o abençoado, que gosta da cervejinha, começa a chamar qualquer pessoa pra beber com ele, em qualquer lugar, sem se importar com nada.

O outro, passa a escutar somente música do mundo porque "a qualidade é muito superior", e começa a se encher de desenhos em tatuagens porque está na moda e ele é livre pra fazer o que ele bem quiser.

"Ah, Jesus foi chamado de comilão, beberrão e amigo de pecadores!". Sim, mas ele não era beberrão, comilão nem pecador. Ele estava ali para gerar transformação na vida das pessoas, e não se conformava nem copiava as práticas do mundo.

E o mais grave é quando esses irmãos começam a dizer e a rotular todos aqueles que não bebem, ou que não têm tatuagens como sendo religiosos, quadrados, antiquados. Aí os novos convertidos não ficam na igreja, ele começa a perder a influência, e ainda diz não saber o porquê. O apóstolo Paulo também é muito claro em 1 Coríntios 8:10-13 em relação a isso. Fazer com que irmãos com a consciência mais fraca caiam no erro por causa da nossa liberdade é pecar contra nossos irmãos.

Tenhamos o bom senso de saber que há tempo, lugar e companhia certa para tudo. Mas saibamos também respeitar aqueles que são livres para ter algumas práticas que nós não nos sentimos confortáveis para fazer.

É necessário haver compreensão e evitarmos presumir através da aparência. Em Mateus 22:16, os discípulos reconheciam isso em Jesus: ele não se importava com a aparência dos homens. O exterior é apenas um detalhe, que vai de acordo com a particularidade de cada um.

Recomendo a leitura do capítulo 2 do livro de Colossenses que explica bem claramente essa mesma situação, onde o equilíbrio deve haver, respeitando as individualidades sem que haja julgamento baseado no exterior.

Que o Senhor nos conceda a graça de amarmos incondicionalmente, aceitarmos as diferenças e avançarmos em unidade, tendo Cristo como modelo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Cristãos no título, fariseus na prática

Cristãos no título, fariseus na prática 

Num pensamento lógico, quiçá óbvio, todo cristão segue a Bíblia como uma espécie de manual ou guia de seu modelo de vida. É automático para um cristão dizer que segue aquilo que está contido na Palavra. Mas, infelizmente, a realidade não transmite essa obviedade.

No mundo cristão hoje temos várias denominações, conceitos, práticas, títulos, costumes e tradições. Aparentemente, com respaldo bíblico para cada uma delas. Aparentemente.

Vamos nos contextualizar um pouco. Encaremos a realidade da imagem que a Igreja (em letra maiúscula, pois representa o Corpo como um todo, independente da denominação, ou seja, todos os que creem que Cristo é o cabeça) tem passado para o mundo em que vivemos. Quando você afirma ser cristão para aqueles que estão ao seu redor, o que acontece?

Não posso falar por todos, mas comigo é sempre a mesma coisa. Ao afirmar ser cristão, crente, evangélico ou qualquer outro nome que deem por aí, todos pensam as mesmas coisas: "Hmmm... então você não pode beber nada alcoólico, não pode sair pra se divertir, entrega seu dinheiro pro pastor todo mês, não pode andar com quem não é da igreja, não deve escutar músicas que não são 'Gospel'"... e por aí vão os "achismos" em relação ao que posso, não posso, devo, não devo, faço, não faço.

Sinceramente, nada disso me importaria, não fosse o motivo que originou tais "achismos". Toda essa mentalidade não é nada ilógica ou incoerente, pelo contrário é completamente justificada pela postura dos cristãos na sociedade. Nós mesmo construímos essa imagem, e, o pior, muitos se orgulham disso.

Conheço muitos cristãos - quase todos - que enchem o peito para afirmar que as pessoas reconhecem de longe que ele é crente. Seria interessante se isso ocorresse por motivos verdadeiramente cristãos. Mas a verdade é que esse reconhecimento vem por religiosidade.

Por definição, cristão é aquele que adota o estilo de vida de Cristo. Ou seja, em teoria, os cristãos deveriam ser reconhecidos por serem os mais amáveis, respeitosos, pacientes, hospitaleiros, carismáticos, compreensivos, generosos, alegres e revolucionários aos olhos do mundo, pois Cristo era visto assim. Um pouco diferente da imagem que o mundo tem, não?

O problema acontece porque nós trocamos o referencial: ao invés de buscarmos a direção do Espírito (que habita em todos os receberam a Cristo como Senhor e Salvador) juntamente com a verdade absoluta contida na Bíblia, deixamos com que padrões humanos e referenciais diferentes de Cristo e incoerentes com a Palavra de Deus determinassem nossas práticas.

Quando algum pastor, apóstolo, bispo, diácono, papa, arcebispo, mestre, profeta, servo (ou seja lá qual for título clerical) disser algo, não podemos tomar como verdade absoluta! Se um pastor disser que você está proibido de, por exemplo, beber bebidas alcoólicas, você precisa compreender se há respaldo bíblico. Mais importante do que qualquer outra coisa é a Palavra de Deus.

Esses costumes são, em sua maioria, benéficos. Mas viver somente neles faz com que tenhamos uma religião terrível! A intolerância com os que não conhecem a Cristo, a falta de bom senso, as críticas e acusações por determinadas práticas não correspondem ao estilo de vida de Cristo.

Enquanto nós estamos mantendo essa APARÊNCIA de santidade, e estufando o peito com isso, achando que estamos super corretos e agrando a Deus, Jesus foi chamado de amigo de pecadores, beberrão e glutão. Quem chamou Jesus disso? Religiosos. Ou seja, o nosso cristianismo hoje nada mais é do que uma religiosidade.

Nós nos parecemos muito mais com os fariseus da época de Cristo, que julgavam a todos os que estavam a seu redor e eram cegos quanto às próprias atitudes, do que com o próprio Jesus. 

Somos tão rápidos quanto eles para condenar, por exemplo, alguém que se diz cristão e é tatuado, ou que goste de beber cerveja, ou que escute música não-gospel. Mas extremamente tardios em nos aproximar e conhecer a realidade espiritual dessas pessoas.

Somos rápidos em dizer que somos dizimistas e ofertantes, mas demorados em ajudar os que estão ao nosso redor.

Somos rápidos em condenar práticas que biblicamente são incorretas, mas dificilmente compreendemos o outro, nos colocamos em seu lugar, amamos incondicionalmente e procuramos fazer algo para tirar a pessoa dessa condição.

Jesus não pecou tampouco aceitava o pecado. Entretanto, Ele jamais condenou o pecador. A atitude dele não era a de rejeitar, mas a de se aproximar e influenciar para o único caminho que gera vida. 

Jesus foi chamado de amigo de pecadores porque se relacionava com eles. Foi chamado de beberrão porque tomava um vinhozinho junto com eles; de comilão porque em fartura com eles. E todos os que se deixavam conhecer Cristo mais intimamente percebiam quão Santo, sábio, cheio da Vida e graça Ele era. Mas aos olhos do religiosos, Jesus não passava de um carnal.

Difícil depararmos com essa realidade, não? A Igreja precisa transformar a mentalidade, para que a realidade seja alterada. Se nós nos voltarmos aos princípios Bíblicos e estivermos dispostos a quebrar paradigmas e tradições, certamente conseguiremos mudar.

Precisamos de uma Igreja que seja diferente. Uma igreja cristã. Não de título. Mas de prática.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Como crer que há um Deus bom em tempos ruins?

Como crer que há um Deus bom em tempos ruins?

Num primeiro instante, parece ser quase impossível argumentar logicamente a favor da existência de um Ser que seja superior, sobrenatural e que atue direta e verdadeiramente na humanidade, quando vemos o mundo indo de mal a pior. 

Essa incerteza parece justa, porém é incoerente. Para questionarmos o andamento da sociedade e do mundo em que vivemos, precisamos compreender quem está no controle desse mundo e, para isso, temos que voltar ao início.

Lembrando: a ótica aqui é cristã! Logo, cremos num Deus criador de céus e terra que é justo e não falha nem é incoerente com Sua própria justiça.

É fato que Ele governa sobre todas as coisas, porém a Bíblia é bem clara quando mostra que o livre arbítrio foi concedido ao homem, juntamente com toda autoridade de governo sobre a terra (Gênesis 1:48).

Há três verdades contidas nesse contexto: Deus governa sobre todas as coisas; Deus é justo; Deus deu ao homem a autoridade para sujeitar a terra.

Uma vez que Deus governa, Ele tem autoridade para dar a quem quiser o controle do que quiser. Ele criou o homem e o escolheu para governar a terra em que habitava. Mas Deus, sendo justo, deu ao homem, juntamente com a autoridade de governar a Terra, o livre arbítrio. É por isso que, mesmo o homem tendo escolhido o pecado e feito com que toda Terra sofresse o dano, Ele não volta mais atrás.

O homem tinha, tem e sempre terá o direito de fazer suas próprias escolhas. E uma vez que Deus concedeu esse direito ao homem, seria extremamente incoerente, autoritário e injusto retirar do homem o governo da Terra, dado por Ele mesmo. 

Veja bem, Deus é bom. Sua Natureza é de bondade. E o fruto do Espírito Santo de Deus que habita em todo aquele que Nele crê é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22,23).

O homem, entretanto, escolheu o pecado e não há como haver relação entre pecado e Deus. A consequência dessa escolha afetou completamente a natureza do homem. Note que não é necessário ensinar uma criança a não dividir seus brinquedos, ela já nasce com esse egoísmo. Não ensinamos uma criança a mentir quando ela faz algo de errado, está na natureza dela. Não precisamos mostrar como se morde no coleguinha, é instinto.

O instinto do homem foi corrompido, pois sua natureza foi corrompida, sendo este agora inclinado ao pecado e incapaz de receber a Deus. Tudo o que era apenas um mecanismo de defesa para situações específicas, tornou-se motivo para agressão, possessão, invasão, depravação. Quando o homem decidiu pelo pecado, ele condenou a si mesmo a uma vida presa no pecado.

Agora... é só seguir a lógica. Se Deus deu ao homem a autoridade sobre a terra e o homem corrompeu-se no pecado, por que temos um mundo indo de mal a pior? Porque a humanidade está perdida no pecado.

O problema não está em Deus, está no homem que decidiu caminhar sem Deus. Se você analisar bem, é muito injusto colocar a culpa em Deus em meio a uma sociedade que luta por provar que esse Deus não existe! É impressionante ver que todo e qualquer avanço (tecnológico, científico, etc.) é atribuído como feitos maravilhosos do homem, que não precisa de Deus para nada. Mas quando vemos no mundo tanta maldade, atrocidade e decadência, jogamos a culpa em Deus!

Quanta incoerência!

Outra pergunta pode surgir nesse momento: "Então por que é que esse Deus bom aí fica sem fazer nada diante essa situação?". Essa é a pergunta chave! Deus não fica apático, inerte ao que está acontecendo, muito pelo contrário.

Deus ama tanto o homem que Ele não se conteve em deixar que o homem permanecesse longe Dele. A alternativa encontrada por Deus foi a de se fazer homem, vir na terra e morrer no lugar do homem pecador (pois o salário do pecado é a morte, vide Romanos 6:23), para que este tivesse a vida eterna.

O preço do pecado do homem finalmente foi pago na Cruz, e todos os que creem que Cristo morreu e ressuscitou em seus corações e confessam que Ele é o Senhor com suas bocas, recebem a justiça de Cristo e a reconciliação com o Pai (simples, não?!), como está escrito em Romanos 10:9.

Essa alternativa é o único caminho existente para que homem possa ter sua natureza transformada e receba em si o já citado Fruto do Espírito (Gálatas 5:22 e 23). Somente a bondade não corrompida pode ser capaz de governar para sempre com lucidez, sem egoísmo nem qualquer tipo de maldade.

Tudo fica mais claro, não? É claro que o mundo vai de mal a pior. Quanto mais se afastam de Deus, mais se afundam nas violências, atrocidades, maldades, perversidades e corrupções. Governos, métodos humanos, ciências... por mais evoluída que a sociedade esteja, não há esperança alguma de melhora.

Nossa única esperança está no único Deus que é verdadeiramente bom.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Cristianismo não é religião

Cristianismo não é religião


Antes de qualquer coisa, é necessário deixar bem claro que o cristianismo do qual estou me referindo não é a religião dos evangélicos, católicos, espíritas, nem de quaisquer outras religiões que tenham Cristo como maior referencial.

O cristianismo aqui apresentado trata-se nada mais do que um novo estilo de vida adotado por alguém que encontrou-se com Deus numa experiência pessoal, e que, após esse encontro, teve sua vida toda transformada: visão, mentalidade, sentimentos, percepções, projetos, prioridades e certezas.

Se você se pergunta nesse momento: "Mas não é exatamente isso que a religião traz às pessoas?". Não. A religião não consegue trazer a paz e a alegria que passei a sentir com o encontro que tive com Deus. Até porque, por definição, religião é: sistema de doutrinas, crenças e práticas próprias de um grupo social, estabelecido segundo uma determinada concepção de divindade e da sua relação com o homem. Logo, o máximo que uma religião pode trazer é um conjunto de regras no qual aqueles que querem obter a salvação (ou qualquer outra coisa que essa religião ofereça) devem se apoiar e fazer dele seu modo de viver.

O problema é que são tantas religiões, tantos deuses, tantas imagens diferentes... que na busca por encontrar a religião que me traria paz, encontrei um profundo abismo de cegueira, condenação, peso e complicações.

Os problemas que encontrei nas religiões, apesar de distintas entre si, eram iguais: em todas eu sempre preciso fazer algo para agradar o respecitvo deus, sendo quase sempre com obras cansativas, repetitivas e desestimulantes, e o pior: se eu não fizesse, seria castigado por esse deus; eu nunca sou digno de entrar na presença desse deus, pois ele sempre é superior a mim e eu sempre tinha pecados; o relacionamento era indireto (sempre tem alguém que vai falar por mim e ouvir por mim) ou até mesmo inexistente: deus lá, eu cá; a lógica era quase que jogada fora em detrimento aos dogmas (verdades absolutas) dessa religião.

Enfim... ao invés de encontrar paz, encontrei um monte de regras extremamente complicadas, ilógicas, chatas e pesadas para se viver. Me sentia o pior dos piores, sem rumo e com a lembrança que o pior estava por vir, afinal: deus castiga.

Até que resolvi simplificar as coisas: se todas as religiões cristãs têm Cristo como o ponto comum, por que não focar somente nele como o centro de aprendizado? Decidido. Vou saber quem é esse tal Jesus que fez, através de sua vida, morte e ressurreição, surgirem tantas religiões.

Finalmente, encontrei o que queria! Nada de pesos, obrigações, deveres, regras, cansaço e acusação. Encontrei-me com o único Deus que não espera que eu faça nada para agradá-Lo. Ele é o próprio amor, e me ama incondicionalmente. O único que ao invés de cobrar obras sacrificiais, tornou-se sacrifício em meu lugar para que eu desfrutasse de Sua vida. O único que me aceita exatamente como sou, mas que ama tanto que não permite que eu fique sendo o mesmo. O único que não somente permite como deseja ter um relacionamento íntimo e pessoal comigo e com cada um de nós. O único que não nega a lógica humana, mas que a usa como um instrumento de comprovação de Sua existência.

Esse maravilhoso encontro é que transformou minha vida por completo. Não há como permanecer o mesmo ao deparar-se com Cristo. Não há como transformar o direcionamento pessoal que Ele dá a cada um de nós através de Seu Espírito residente numa cartilha de regras e deveres. Ser cristão não é viver num conjunto de regras.

Cristianismo é adotar o estilo de vida de Cristo como seu estilo de vida.